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Gravidez na Adolescencia (perguntas mais comuns)


Perguntas feitas pelos adolescentes sobre sexo e gravidez.

a)      Risco de gravidez
Drauzio – Esta é uma das perguntas que os adolescentes mais fazem:

”Quando há penetração, mas o namorado não ejacula, a garota pode engravidar apenas entrando em contato com o líquido que saí antes da eliminação do esperma?”.
Mauricio de S. Lima – Há perigo, sim, embora as possibilidades sejam remotas. São remotas, mas existem se o namorado ejaculou antes da penetração. Nesse caso, alguns espermatozóides podem ter permanecido no pênis, alcançar o útero e, eventualmente, chegar ao óvulo para fecundá-lo.
É importante lembrar que, em qualquer situação, mesmo quando não há penetração, os jovens devem usar sempre preservativo como forma de precaver-se não só contra a gravidez, mas também contra as doenças sexualmente transmissíveis.

Drauzio – “Se meu namorado gozar na cueca e depois ficar se esfregando em mim, corro risco de engravidar?”.
Mauricio de S. Lima – Se o namorado ejaculou na cueca, acho que o risco de gravidez é praticamente zero. Aliás, essa pergunta é parecida com outras que os adolescentes costumam fazer – “Posso engravidar se sentar num banco de ônibus ou no assento do vaso sanitário onde alguém tenha ejaculado?” – e a resposta é a mesma.

Drauzio – Os espermatozóides podem sobreviver nessas situações a seco?
Mauricio de S. Lima – A seco, não podem. Para sobreviver, precisam do meio adequado que a vagina lhes propicia.

Drauzio – “Se, ao masturbar meu namorado, tiver contato com o esperma e não lavar as mãos antes de me masturbar, posso engravidar?”.
Maurício de S. Lima – Aí, caímos de novo na questão da capacidade de sobrevivência dos espermatozóides. É bom lembrar que, normalmente, o homem ejacula mais ou menos 3mL de esperma que contêm cerca de 300 milhões, 400 milhões de espermatozóides. Desses todos, só um consegue chegar ao óvulo para fecundá-lo. Como se vê, é necessário um número muito grande de espermatozóides para que um deles tenha sucesso na corrida em direção ao óvulo.

Drauzio – “Se eu deixar de tomar pílula um dia, corro o risco de engravidar?”.
Maurício de S. Lima – Corre risco, sim. A recomendação escrita na bula do medicamento deixa claro que, se a pessoa esquecer um dia de tomar a pílula, deve tomar duas no dia seguinte. Minha recomendação, porém, nos casos de esquecimento, é a dupla proteção, ou seja, além de tomar duas pílulas anticoncepcionais no dia seguinte, o parceiro deve usar camisinha até a garota terminar aquela cartela.

Drauzio – Não se pode esquecer de que tomar a pílula regularmente é muito importante para a vida das adolescentes.
Mauricio de S. Lima – Tão importante que o médico só prescreve a pílula anticoncepcional, quando tem certeza de que a adolescente tem condições de criar uma rotina para tomá-la com regularidade. Mesmo assim, ninguém está livre de esquecimentos. Por isso, recomenda-se que menina cumpra um ritual. Colocar a cartela ao lado da escova de dentes pode ajudá-la a lembrar-se de tomar a pílula sempre no mesmo horário, por exemplo, à noite, quando for preparar-se para dormir.
Outra recomendação importante para a adolescente está namorando é sobre a camisinha que deve ser usada sempre mesmo que ela esteja tomando anticoncepcional. Esse é o conceito de dupla proteção que se defende atualmente.

Drauzio – Não é melhor tomar a pílula no café da manhã, uma vez que, em caso de esquecimento, a adolescente tem o dia inteiro para lembrar?
Mauricio de S. Lima – O mais importante é criar o hábito. Daí tanto faz: a pílula pode ser tomada pela manhã, sim, ou à noite. Algumas adolescentes, porém, se queixam de enjôo perto do café da manhã. Essas devem deixar para tomar a pílula à noite.
As coisas complicam um pouco, quando os pais não sabem que a filha toma anticoncepcional. Às vezes, a cartela precisa ficar com o namorado. A esse respeito, existe o caso pitoresco de um casal de adolescentes de uma cidade do interior a quem o médico não deu as explicações necessárias quando prescreveu a pílula. O rapaz levou o remédio para casa para evitar que a família da moça soubesse e acabou tomando as pílulas todas certo de que, assim, estariam protegidos.
Citei essa experiência só para mostrar que ainda existem dúvidas relacionadas com a sexualidade que julgávamos superadas. Se existem, o assunto tem de ser discutido com os adolescentes.

Drauzio – Como funciona a tabelinha?
Maurício de S. Lima – A melhor resposta é: a tabelinha não funciona. Na verdade, ela não é um método anticoncepcional em que se possa confiar. Teoricamente, a mulher tem um dia fértil durante o ciclo menstrual, um dia em que o óvulo está receptivo ao espermatozóide e a gravidez acontece. O problema é que esse dia varia muito. Se a menina pegou um resfriado, por exemplo, ou se tem um ciclo irregular, é quase impossível determinar com precisão o dia fértil. Como conseqüência, o risco de engravidar aumenta consideravelmente nos casais que usam a tabelinha como método anticoncepcional.

Drauzio – É sempre importante enfatizar que a ovulação ocorre 14 dias antes da próxima menstruação. O problema é que não há como determinar com certeza quando ocorrerá a menstruação seguinte nem em que data cairá o dia fértil.
Maurício de S. Lima – Em mulheres com ciclo regular de 28 dias, o dia fértil cai sempre no décimo quarto dia depois do início da menstruação. Se o ciclo for de 27 a 34 dias, ele cairá entre o décimo terceiro e o vigésimo dia, o que provoca uma confusão enorme principalmente na cabeça dos adolescentes. Daí, a importância de registrar os dados que se referem à duração e regularidade do ciclo menstrual, pois facilitam a comunicação na consulta médica.

Drauzio – “É possível menstruar estando grávida?”.
Mauricio de S. Lima – É possível, sim. Às vezes, ocorre um escape de sangue no começo da gravidez. Isso confunde a mulher.

Drauzio – “É possível engravidar enquanto estou menstruada?” é outra dúvida que aparece com freqüência em nosso site.
Mauricio de S. Lima – É importante esclarecer que algumas mulheres podem ter alguma perda de sangue durante a ovulação e engravidar nesse período. Agora, durante a menstruação propriamente dita, é impossível engravidar.

 

b) Primeiras relações


Drauzio – Na primeira relação sexual da mulher, o sangramento é obrigatório?
Mauricio de S. Lima – Não é. Vai depender do tipo de hímen que a menina tem. Alguns sangram mais na primeira relação, outros sangram menos e há os que não sangram, porque são mais elásticos. Há, ainda, hímens sem abertura, os imperfurados, que não permitem sequer a saída do sangue menstrual que se acumula na região genital. Por isso, é importante que o pediatra verifique que tipo de hímen a menina tem e se pode causar problemas ginecológicos.

Drauzio – As meninas perguntam se é normal sentir dor e não ter orgasmo nas primeiras relações.
Maurício de S. Lima – São tantos os fatores que envolvem as primeiras relações sexuais, que a dor e a ausência de orgasmo podem ser atribuídas ao fato de a menina não relaxar nem se sentir à vontade com o parceiro. Às vezes até, ela quer ter a primeira relação só para contar para as amigas. Por isso, meu conselho para todas as adolescentes que resolveram ter a primeira relação sexual é que só o façam, quando estiverem certas de que estão preparadas para essa experiência e com alguém que tenham algo em comum.
Recentemente, atendi uma garota que me disse: “Dessas férias, eu não passo! Não passo sem ter uma relação sexual”. Eu lhe perguntei se estava namorando ou interessada em alguém. “Não”, foi sua resposta, “mas eu sou a única do meu grupo de amigas que ainda é virgem”. Como se vê, ela estava decidida a ter uma relação, não porque realmente quisesse, mas por pressão do grupo.
É preciso discutir com os adolescentes todos esses assuntos, mas pouco se conversa. Às vezes, esquecemos que, atualmente, eles estão expostos a uma quantidade absurda de informação, mas continuam imaturos.

Drauzio – É possível num exame ginecológico, o médico descobrir que a menina não é mais virgem?
Mauricio se S. Lima – É possível, sim. Em alguns casos, ele pode perceber o hímen roto e pressupor que a menina já teve relação sexual.
No entanto, é bom lembrar que o código de ética médica garante o direito ao sigilo para a adolescente, desde que ela expresse seu desejo e não coloque em risco a própria vida ou a de outras pessoas. Se procurou o auxílio de um profissional de saúde porque já teve relação sexual e não que a mãe saiba, não há problema nenhum. Esse direito lhe é preservado. No entanto, a gravidez na adolescência pressupõe que o médico possa quebrar o sigilo. Essas regras e acordos ficam explícitos na primeira consulta.

Drauzio – Quer dizer que você é obrigado a informar os pais sobre a gravidez da menina que veio para a consulta?
Maurício de S. Lima – Sou obrigado, sabe por quê? Porque certos caminhos que a garota resolva seguir podem colocar em risco sua vida. Apesar de o aborto ser proibido no Brasil, há pessoas que arrumam um jeito de praticá-lo. Ainda há quem use agulhas de tricô ou tome chás que podem provocar sérios danos à saúde. Esse assunto já foi amplamente discutido em vários fóruns de médicos hebiatras e o consenso é que, em caso de gravidez, os pais devem ser informados.

 

c)Outras dúvidas


Drauzio – Esta pergunta é feita indistintamente por meninos e meninas: o excesso de masturbação pode ser nocivo à saúde?
Mauricio de S. Lima – A masturbação é uma prática comum no desenvolvimento da sexualidade humana. Reflete a experimentação de um prazer que não começa na adolescência. A manipulação dos genitais ocorre também na infância, mas adquire características diferentes nas outras faixas de idade, porque a prática da masturbação não desaparece na vida adulta. Portanto, a masturbação não é nociva se não prejudicar as atividades habituais do jovem.
De qualquer modo, é preciso prestar atenção nos meninos e meninas que se masturbam compulsivamente. Deixam de estudar e de fazer exercícios porque seus interesses estão voltados quase que só para a masturbação. Alguns não se preocupam sequer em manter a privacidade, recolhendo-se no banheiro, no quarto ou em local resguardado.
Se os pais notarem que isso está acontecendo e atrapalhando dia-a-dia do/da adolescente devem procurar orientação.

Drauzio – Quais são os riscos do sexo anal?
Mauricio de S. Lima – Um lubrificante usado nos preservativos pode fazer com que ele se rompa mais facilmente. Portanto, mesmo usando preservativos, o sexo anal pode favorecer a transmissão de várias doenças, entre elas a causada pelo vírus HIV. Além disso, dependendo da freqüência com que é praticado, ele pode provocar fissuras na região anal.

Drauzio – É comum os meninos se preocuparem com o tamanho do pênis. Com que idade ele atinge seu tamanho definitivo?
Mauricio de S. Lima – É muito difícil classificar o desenvolvimento do adolescente de acordo com a idade cronológica. Um médico inglês chamado Tanner, em 1962, propôs uma classificação dos genitais masculinos, considerando o tamanho do pênis e o desenvolvimento dos testículos dentro da bolsa escrotal e a conclusão foi que estará dentro da faixa de normalidade o pênis que atingir o tamanho adulto entre os 12 e os 16 anos de vida do jovem.
Portanto, um menino de doze anos pode ter corpo e pênis de adulto, enquanto outro, da mesma idade, tem corpo e pênis de criança, mas ambos estão absolutamente dentro dos padrões esperados. Então, em caso de dúvida, o melhor a fazer é procurar um profissional de saúde.
É também importante salientar que o tamanho do pênis flácido não está diretamente relacionado com seu tamanho quando ereto. Portanto, dois pênis de tamanhos diferentes, um maior outro menor, quando eretos podem ter tamanho bem semelhante.
Realmente, os meninos se preocupam muito com o tamanho do pênis. Muitos chegam a comprar aparelhos, que não deveriam usar, acreditando na falsa promessa de que são capazes de aumentar o pênis.

Drauzio – Por que as moças têm libido mais instável do que os rapazes?
Mauricio de S. Lima – Se essa pergunta se refere ao desejo sexual, é importante lembrar que a mulher tem uma variação hormonal entre um ciclo e outro. Quando está ovulando, demonstra maior interesse pela relação sexual. Parece um artifício da natureza que visa à perpetuação da espécie.

Drauzio – Existe uma idade ideal para levar a menina pela primeira vez ao ginecologista?
Maurício de S. Lima – Não digo que exista idade ideal para levar ao ginecologista, nem é preciso esperar a primeira menstruação para que isso aconteça. O importante é que, assim como o acompanhamento do pediatra é indispensável quando os filhos são pequenos, o de um médico especializado em adolescentes é necessário nessa fase da vida. Na verdade, ele atua como um clínico geral que acompanha o crescimento, prescreve as vacinas necessárias orienta a alimentação e trabalha com questões relacionadas com a sexualidade e o desenvolvimento psicossocial dos adolescentes.
No entanto, se a menina engravidar, deve procurar auxílio logo e começar a fazer o pré-natal. O maior problema da gravidez na adolescência é que elas escondem o fato até o quarto, quinto mês de gestação, o que torna tudo mais complicado.